Às vésperas da instalação da CPI da Covid, senadores que compõem a comissão afirmam que os recentes atos de Jair Bolsonaro (sem partido), saindo em defesa do ex-ministro Eduardo Pazuello e de métodos que serão investigados, representam uma tentativa de mobilizar a base bolsonarista para compensar a vulnerabilidade do presidente no colegiado.
Para alguns parlamentares, o governo monta duas frentes de atuação: enquanto o presidente acirra sua retórica, o Palácio do Planalto tenta se municiar de informações para contra-atacar em focos de apuração da comissão.
A CPI da Covid será instalada nesta terça-feira (27), quando serão escolhidos oficialmente presidente, vice-presidente e relator da comissão.
O governo conta com apenas 4 dos 11 membros titulares. A situação de desvantagem se reflete na perda dos principais cargos, com a presidência caindo nas mãos do independente Omar Aziz (PSD-AM). O maior temor do Planalto, no entanto, é a relatoria destinada a RenaBolsonaro abraça Pazuello em evento em Manaus em 23 de abril; presidente elogiou gestão de general na Saúde às vésperas de CPI que investigará a pasta –
n Calheiros (MDB-AL).
Após um período em que passou a usar máscaras e chegou a defender a vacina contra a Covid-19, o presidente retomou com mais vigor seu comportamento negacionista e os confrontos com outros Poderes e entes federados.
Bolsonaro passou a defender justamente alguns dos principais pontos de investigação da comissão, em manifestações vistas como de oposição à CPI.
Paralelamente a essa estratégia do presidente, o Executivo busca reagir. Como mostraram o Painel e o UOL, a Casa Civil encaminhou um ofício para 13 ministérios contando as 23 principais acusações contra o governo relativas ao enfrentamento da pandemia, pedindo que cada pasta envie respostas a esses pontos.
A Casa Civil, em nota, disse que considera natural a reunião de informações fornecidas pelos ministérios, como forma de defesa na CPI.
“Diante da CPI da Covid no Senado Federal, nada mais natural que a Casa Civil reunir todos os dados e números de maneira a esclarecer qualquer questionamento feito no âmbito da comissão, além de se preparar para desmentir narrativas mentirosas que visem apenas atingir e desacreditar o governo federal”, afirmou a pasta.
O documento que lista constatações sobre a atuação do governo e que pede explicações aos ministérios “mostra apenas o óbvio”, ressaltou ainda a Casa Civil, que disse ter a função de coordenação de ações interministeriais. “A Casa Civil está fazendo seu trabalho de forma antecipada, integrada e consistente.”