Pela 10ª semana consecutiva, a taxa de contágio do novo coronavírus no Brasil mostrou que a epidemia continua se acelerando no País, segundo cálculos desta semana, divulgados pelo centro de acompanhamento de doenças infecciosas do Imperial College, de Londres, um dos principais do mundo. Com base no número de mortes relatadas, a universidade também calcula que o número de brasileiros que contraíram o vírus seja o triplo do confirmado, superando 4,36 milhões.
Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, países que “não usaram todas as ferramentas à sua disposição e adotaram uma abordagem fragmentada enfrentam um caminho longo e difícil pela frente”. Questionado sobre se o Brasil poderia ser incluído entre os que não usam todas as ferramentas possíveis, o diretor-executivo da entidade, Michael Ryan, afirmou que Tedros se referia à situação geral – a OMS tem evitado criticar países específicos em suas entrevistas.
Como já havia dito em outras ocasiões, Ryan ressalvou que o Brasil é “grande e com muita diversidade”, e que a OMS continuava encorajando o País a adotar uma abordagem compreensiva. “Nunca é tarde demais para mudar”, afirmou a líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, ressaltando que também não estava falando especificamente do Brasil. “Vimos países que estavam à beira do colapso controlarem a doença. Mesmo que a situação pareça incontrolável, é possível concentrar esforços nos locais mais críticos e avançar passo a passo”, disse ela.
A organização tem repetido que, após seis meses de pandemia, já estão claras as medidas que permitem ao mesmo tempo controlar o contágio e retomar atividades econômicas. Do ponto de vista de políticas públicas, elas são testar todos os casos suspeitos, tratar os casos positivos, rastrear todos os contatos e isolá-los. Além disso, é preciso informação clara e coordenação entre os diferentes níveis de governo. Do ponto de vista do comportamento individual, as medidas são manter distância de ao menos um metro dos outros, lavar as mãos, evitar aglomerações, usar máscara em locais públicos e cobrir boca e nariz com o braço ao tossir ou espirrar.
De seis países sul-americanos acompanhados por terem transmissão ativa (ao menos dez mortes em cada uma das duas semanas anteriores e mínimo de cem mortes desde o começo da pandemia), Chile e Peru apareceram pela primeira vez com Rt abaixo de 1, o que significa que o contágio foi controlado. O Chile tem 0,87 (cada 100 pessoas transmitem para 87, que por sua vez passam o vírus para 75,7, reduzindo o alcance da doença); o Peru registrou 0,93.
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