Home Destaque Empresário bolsonarista defende posição antivacina na CPI e diz que tomou cloroquina

Empresário bolsonarista defende posição antivacina na CPI e diz que tomou cloroquina

Empresário bolsonarista defende posição antivacina na CPI e diz que tomou cloroquina

O empresário bolsonarista  Otávio Fakhoury adotou nesta quinta-feira, 30, em depoimento na CPI da Covid, uma retórica negacionista e afirmou que nem ele, nem sua família tomaram a vacina contra a Covid-19.

Fakhoury admitiu também que financiou o Instituto Força Brasil, responsável por tentar intermediar a negociação de vacinas entre a Davati Supply Medical e o Ministério da Saúde. Fakhoury é vice-presidente do instituto e presidente do PT de São Paulo.

No depoimento, Fakhoury questionou a eficácia do uso de máscaras para conter o contágio do vírus, contrariando pesquisas que já mostraram que o contágio diminui com o uso da proteção facial.

Ele afirmou ainda que tomou cloroquina, remédio sem eficácia contra a Covid-19, quando pegou a doença, após receita médica.

Fakhoury é apontado por integrantes da comissão como um dos principais financiadores de uma rede de disseminação de fake news e de apoio a atos antidemocráticos durante a pandemia. O empresário é investigado no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF).

Reações

As manifestações do empresário  contra vacinas e uso de máscaras e o argumento de que seus vídeos contra as medidas sanitárias e o isolamento social se trataram de um direito à liberdade de expressão causaram protestos de senadores na reunião da CPI.Os senadores observaram que ele não tem conhecimento científico para tratar do tema, o que o próprio empresário admitiu.

“Isso não é liberdade de opinião. Quando a sua opinião compromete a saúde de todos, isso não é liberdade de opinião. Isso é crime”, rebateu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), após ouvir a fala de Fakhoury contra o uso de máscaras.

Para Otávio Fakhoury, o uso de máscaras é desnecessário. Para ele, o fato de ter gravado vídeos e publicado mensagens em redes sociais sobre o assunto é também “uma simples manifestação de liberdade de opinião”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) chegou a pedir à presidência da CPI que, a cada fala negacionista do depoente, houvesse a intervenção de algum parlamentar do comando da comissão parlamentar de inquérito para esclarecimento do público.

“Esta CPI tem um nível de audiência muito grande no Brasil inteiro, as TVs estão transmitindo, e a população não pode receber uma informação dele como se fosse verdade, porque não é”, declarou.

Vacinas

Indagado sobre as vacinas, Fakhoury disse que até hoje elas estão em “caráter experimental” e, por isso, não podem ser obrigatórias, e por isso disse não ter a pretensão de se vacinar “por enquanto”. Randolfe Rodrigues, mais tarde, observou que as vacinas aplicadas na população brasileira passaram pela fase 3, ao contrário do que disse o depoente, não tendo, portanto, caráter experimental. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) quis saber ainda com base em quê ele classificou a Coronavac como “lixo de vacina”:

“Critiquei com base em informações à imprensa naquele momento. É uma conclusão pessoal baseada na minha liberdade de opinião”, afirmou.

Em relação ao distanciamento social, o empresário se disse favorável ao “lockdown vertical”, isolando-se pessoas do grupo de risco, como idosos e portadores de comorbidades, de forma que a economia não pare e que os empregos sejam preservados. Os senadores também pontuaram que a tese defendida pelo depoente não tem base científica.

Mais adiante, Fakhouri foi indagado sobre suas relações com o coronel Hélcio Bruno, presidente da Ong Instituto Força Brasil, na qual atua como vice-presidente. O coronel, que também depôs à CPI, chegou a admitir ter atuado a aproximar a empresa Davati de funcionários do Ministério da Saúde. Essas negociações foram alvo de investigações da comissão parlamentar de inquérito. O empresário disse ser amigo do coronel e declarou não participar das deliberações do Instituto Força Brasil.  Randolfe apontou contradição, já que Fakhouri, que se diz contra as vacinas anticovid, participa de uma Ong que intermediou uma oferta de vacinas à pasta da Saúde.