Representantes de 175 nações se reúnem desde segunda-feira, 29, em Paris, para o segundo encontro sobre o tratado global contra a poluição do plástico. Entre os representantes brasileiros está o Secretario Nacional de Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, diplomatas e atores diretos na cadeia de reciclagem.
Em um cenário global de preocupação com o desenvolvimento sustentável e, após a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, o conceito de logística reversa ganha força como mecanismo para reduzir o impacto das embalagens no meio ambiente. Na cadeia de logística reversa, o verificador independente desempenha papel fundamental para a segurança do processo, uma vez que a conferência e auditoria das notas fiscais garantem que o material de fato retornou ao ciclo produtivo.
A empresa brasileira Central de Custódia alcançou mais de 310 mil toneladas de plástico rastreadas. Proveniente de quase 1000 municípios brasileiros, esse montante foi adequadamente coletado, selecionado e reciclado para então retornar ao mercado, tendo como destino as indústrias e o comércio atacadista de material reciclável. Considerando o tempo mínimo (100 anos) de decomposição do PET, tipo de plástico predominante no rastreamento, é possível dimensionar os danos ambientais que seriam causados pelo descarte incorreto.
“Para entender a quantidade de embalagens que é efetivamente recuperada e destinada para reciclagem no país, torna-se essencial a validação dos dados e informações fornecidos pelas entidades e operadoras de sistemas de logística reversa.”, explica Fernando Bernardes, Diretor de Operações da Central de Custódia que apresenta seus resultados no encontro global.
Lançado na última COP 27, o relatório Global Waste Initiative também aponta a digitalização e automação para verificação dos dados como uma diretriz necessária. No Brasil, o verificador de resultados foi, inclusive, regulamentado em nível federal por meio do Decreto Federal n° 11.413, 2023, e de Decretos Estaduais em Pernambuco, Paraíba, Piauí e Mato Grosso do Sul.
Outro destaque da participação brasileira no encontro é a criação de um sistema de circularidade do plástico (Recircula Brasil), com participação da Central de Custódia junto à Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o que tende a elevar ainda mais o volume de dados analisados pela empresa.
“Além de atender uma obrigação legal, a gestão de resíduos colabora diretamente com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. A logística reversa de embalagens tem efeitos ambientais, sociais e econômicos positivos e seus resultados precisam ser verificados para garantir a isenção, independência e consistência das informações”, finaliza Bernardes.