Especialistas analisam expectativa de queda da Taxa Selic e seus impactos na economia e investimentos

Nesta quarta-feira, encerra-se a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) para discutir os rumos da taxa básica de juros, a Taxa Selic. Após dois anos de altas sucessivas, o mercado espera que os membros do Copom anunciem a primeira redução da taxa, o que pode representar uma mudança significativa no cenário econômico e nos investimentos financeiros.

De acordo com Luiz Ciardi, especialista em investimentos da plataforma de orientação financeira n2, uma redução da Taxa Selic implica em uma política monetária expansionista, ou seja, uma estratégia para aquecer a economia. Essa medida torna o crédito mais acessível e barato, pois os bancos utilizam a taxa básica de juros como referência para atribuir suas taxas.

“Com isso, acontece um aumento do consumo por parte da população, que tem acesso a um crédito mais barato e um aquecimento da indústria e do setor de serviço, que terão incentivos para captarem recursos com uma taxa menor, estimulando a produção”, explica.

No entanto, para quem está investindo em renda fixa, como títulos privados atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), essa redução da Selic pode resultar em uma rentabilidade menor, uma vez que o CDI acompanha a taxa básica de juros. “A Renda Fixa é atrelada à taxa básica de juros. Falando mais especificamente sobre o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) para os títulos privados, você vai ter uma rentabilidade menor, já que o CDI sempre acompanha a Selic. Só um exemplo, hoje a Selic tá em 13,75%, o CDI está em 13,65% ao ano, então é muito parecido”, completa.

Já o economista Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio na RJ+ Investimentos, entende que o ciclo de cortes na Taxa Selic deve acontecer gradualmente. “O mais provável é um corte de 25 pontos base, confirmando o início do ciclo, mas de forma cautelosa. Os núcleos do IPCA, especialmente serviços, ainda não se acomodaram tanto quanto o índice cheio. Há espaço para um corte maior, de 50 pontos base, e esse movimento também não estaria muito descolado do discurso do Bacen. Mas nenhum cenário diferente pode ser descartado, em ambas as direções, ou seja, de um corte mais agressivo, ou mesmo de manutenção da taxa”, opina.

Ele explica que, caso haja a redução, o mercado já está esperando pela mudança e, se for mantida no mesmo patamar, a queda deve acontecer na próxima reunião. “A queda já está precificada. O mercado opera com as taxas longas, e estas já reduziram bastante. A bolsa já precificou esse fechamento da curva de juros, assim como os títulos de renda fixa. Se permanecer inalterada agora, é muito difícil não cair na próxima reunião. Na prática não muda muita coisa na dinâmica de médio e longo prazos. Com certeza haveria bastante ruído e pressão política. Mas o ciclo de cortes vai acontecer de qualquer forma”, garante.